Você já deve ter estudado ou ouvido falar sobre o sistema nervoso humano. Mas não deve imaginar o quanto esse complexo sistema tem impacto direto em como você percebe e reage ao mundo à sua volta.
Com a vida moderna, perdemos a conexão com esse grande aliado natural da nossa qualidade de vida. Yoga é uma ferramenta poderosa de resgate a esse “elo perdido” com a inteligência da natureza que habita em nós.
Compreender o sistema nervoso faz toda diferença na sua prática de Yoga ou, com certeza, será um bom motivo para você começar a praticar.
O sistema nervoso exerce três funções:
1. Sensoriais: está ligada à recepção de estímulos e informações do corpo e do ambiente externo.
2. Motoras: troca de informações e estímulos que possibilitam a realização dos movimentos.
3. Integradoras: corresponde à análise, processamento e armazenamento dos estímulos e informações recebidas.
O sistema nervoso autônomo (SNA) é a porção do sistema nervoso central (SNC) que controla a maioria das funções viscerais do organismo. Os sinais autônomos são transmitidos aos órgãos do corpo por meio de duas divisões: o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático.
Esses sistemas podem ser diferenciados anatomicamente, mas não há uma maneira simples de separar as ações dessas divisões sobre seus órgãos-alvo. Sendo assim, a melhor forma de identificar é de acordo com o tipo de situação na qual estão em maior atividade.
Ambos controlam as mesmas partes do corpo e as mesmas funções gerais, mas com efeitos opostos.
Quando somos confrontados com uma ameaça de qualquer tipo, seja física ou emocional, nosso sistema nervoso simpático é acionado, de forma automática e involuntária. Já o sistema parassimpático age para desacelerar certas respostas e trazer um estado de calma ao corpo, permitindo que ele descanse, relaxe e se recupere.
Aqui começa a parte que, provavelmente, você ouviu falar na escola: o EIXO LUTA & FUGA.
O sistema simpático, também conhecido como excitado, assume o comando em situações estressantes ou quando há alguma ameaça em potencial, acarretando em uma descarga simpática em todo o corpo. Com isso, o funcionamento de diversos sistemas internos entra em estado de prontidão. Esse processo de ativação simpática é conhecido como uma resposta de “luta ou fuga”.
Diante de situações de perigo, produzimos adrenalina e cortisol, que deixa o corpo em estado de alerta, pronto para reagir.
Esse sistema exerce funções em diferentes aparelhos do organismo, como a dilatação pupilar, o aumento do diâmetro da traqueia e dos brônquios, taquicardia, estimulação da produção de noradrenalina nas glândulas supra-renais, intensificação da liberação da glicose armazenada no fígado, vasoconstrição (diminuição do calibre) dos vasos sanguíneos e eriça os pelos e cabelos.
Já o sistema parassimpático media nosso consumo e economia energética, ou seja, ele nos ajuda a passar de um estado de alerta para um estado de calma. Sendo assim, realiza ações completamente opostas ao sistema simpático.
Em momentos de repouso, descanso e saciedade, quem está no comando é o sistema parassimpático, também conhecido como passivo.
A grande maioria dos controles do sistema nervoso parassimpático depende do nervo vago. Este é o mais longo de todos os nervos cranianos. Ele sai do cérebro, passa pelos pulmões, pelo coração, estômago, intestino e fígado, isto é, esse nervo vagueia pelo corpo.
”É responsável pelo controle e supervisão, por assim dizer, de uma enorme gama de funções cruciais para a saúde, comunicando os impulsos sensoriais e motores a cada um dos órgãos do nosso corpo”, explica Navaz Habib no livro “Ative o seu nervo vago”.
Estudos recentes apontam que o funcionamento desse nervo tem um efeito decisivo na saúde, sendo um aliado defensivo em combate às bactérias, vírus, parasitas e fungos que nos atacam. Quando falamos sobre essa ideia, é devido à função primordial do nervo no controle do sistema imunológico.
“Quem controla o sistema imunológico? O lado passivo. Isso significa que se o lado excitado está ativo, o corpo não tem defesa, porque está preparado para lutar ou correr, mas não para se defender.” Frank Suarez
O sistema parassimpático promove a secreção glandular, regula a salivação e a deglutição, estimula a constrição dos brônquios e traqueia, mecanismo de contração dos músculos que envolve as vias aéreas e acelera os processos digestivos os movimentos peristálticos para maior absorção de nutrientes.
Desse modo, esse sistema possui funções essenciais para nossa sobrevivência, realizadas de forma involuntária ou inconsciente.
A ansiedade é um dos males modernos que mais prejudica a qualidade de vida das pessoas nos tempos atuais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), antes da pandemia, o Brasil já era o país mais ansioso do mundo, impactando cerca de 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população).
A ansiedade é um sentimento ligado à preocupação, nervosismo e medo intenso, e está diretamente ligada com nosso sistema nervoso. Apesar de ser uma reação natural do corpo, pode se tornar um distúrbio, originando até mesmo a simpaticotonia, quando o estado ansioso torna-se crônico.
Para combater a ansiedade e outros transtornos frequentes, como a simpaticotonia, a prática de yoga surge como um caminho natural, já que atua diretamente no sistema nervoso.
Estudos científicos já comprovam a prática consistente de yoga como uma terapia complementar alternativa no tratamento de diversos transtornos, que estão diretamente ligados ao sistema nervoso. No Método Kaiut Yoga, os estímulos articulares seguros estão diretamente ligados à diminuição de um estado simpático e reativo, tranquilizando a mente e o corpo. Tudo isso diminui os ritmos internos e possibilita um estado de presença.
O estado de meditação na prática de yoga não é simplesmente uma sensação momentânea de conforto e de calma. Esse estado meditativo está ligado a descargas químicas, proporcionadas pelo sistema parassimpático, que geram qualidade de vida real.
Por isso, é importante construir uma prática de yoga mais direcionada, assimilando quais regiões do nosso sistema nervoso são ativadas durante e após a prática. A partir dessa consciência de funcionamento do corpo, é possível trilhar uma rota para um estado de bem-estar pleno de dentro para fora.
A intenção não é controlar o sistema nervoso autônomo, afinal, ele é um sistema
involuntário. A ideia é entender e compreender seu funcionamento, para que, a partir disso, seja possível fazer da prática de yoga uma ferramenta poderosa para reduzir a ação simpática do sistema nervoso. Dessa forma, caminhamos em direção a uma vida mais leve, livre da simpaticotonia e muito mais equilibrada.
Vamos praticar?
ANA PAULA DAVID
Ana pratica Yoga há mais de 20 anos. Há seis, se tornou professora e vive o Yoga de forma integral. É professora do método Kaiut Yoga nos últimos 3 anos. Ana também é formada pela Premananda Yoga School, Yoga Restaurativo, Chakra Yoga e Pranic Healing. Por 19 anos atuou em Publicidade e Propaganda, antes do Yoga transformar por completo sua vida. Ana foi a precursora do Kaiut no Rio, abrindo a 1ª Escola Kaiut Yoga em Ipanema e também ministra aulas no app MUDE FIT.
Deixe um comentário
O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *