Essa tal sororidade, que soa como poesia para os ouvidos, carrega significados preciosos e profundos para todas nós. De modo bem objetivo, traduz-se como a união entre as mulheres, baseada na empatia, no companheirismo, no apoio e na busca por objetivos comuns.
Ao analisar a etimologia da palavra, do latim, “soros” pode ser traduzido como “irmandade”, e o sufixo “dade” agrega o sentido de “pertencer a um grupo”. O termo surgiu a partir da terceira onda do Feminismo, na década de 1970, num contexto de mobilização contra a misoginia e pela defesa dos direitos e oportunidades iguais para homens e mulheres.
Despertei para a sororidade quando fiz minha transição de carreira do corporativo para o empreendedorismo. Foi ali que notei que as relações mantidas com as mulheres à minha volta, seja no trabalho, seja na vida pessoal, haviam ficado insípidas, protocolares, como se estivesse me protegendo de algo, de uma ameaça iminente.
Passei a me sentir incomodada com isso e com muita vontade de encontrar explicações para essa mudança. Também queria trazer de volta o afeto sincero e espontâneo, que era parte da minha essência. Descobri que não estava sozinha e que essa desconexão com o feminino é um reflexo social, um mecanismo de defesa.
De acordo com a psicanalista, pesquisadora do Núcleo Diversitas FFLCH/USP e professora da FAAP, Maria Homem, uma estratégia frequente em nossa cultura patriarcal é quebrar o elo entre as mulheres ao fomentar rivalidades, intrigas e a inveja. Neste contexto, a sororidade chega para valorizar o lugar do feminino e estimular alianças possíveis entre aquelas que partilham os mesmos ideais, sem falsas disputas.
Outra especialista no assunto, a professora do curso de Ciências Sociais da PUC/SP, Carla Cristina Garcia, diz que existe uma universalidade no jeito de ser mulher e isso tem a ver com a solidariedade que cada uma de nós carrega. Segundo ela, historicamente, há momentos em que nos aproximamos instintivamente, motivadas por pautas comuns, muitas delas relacionadas ao desejo de reverter a situação de submissão a que a mulher vem sendo submetida ao longo dos séculos.
Seja no amor, seja na dor, que a união entre as mulheres provoque as mudanças necessárias para transformar o mundo em um lugar mais justo e inclusivo.
Roberta Pschichholz
É jornalista, podcaster, mestre de cerimônias, mãe do Bê, parceira de vida do Edu e empreendedora. Busca promover conversas que incentivem mulheres a descobrir as delícias da prática da sororidade, da beleza natural e de uma vida mais leve.
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