Viajar para mergulhar em práticas que renovam as energias, aumentam o autoconhecimento e proporcionam bem-estar — de preferência em meio à natureza e longe do wifi — deveria ser necessidade básica para quem está acostumado com a rotina pesada das grandes cidades, mas sedento por momentos de sossego. Além de proporcionar experiências inesquecíveis e render cliques incríveis, destinos como Bali são o melhor incentivo para colocar em prática tudo aquilo que a gente sabe que deveria fazer, mas não faz: comer bem, movimentar o corpo e esvaziar a mente.
É fácil se apaixonar perdidamente por Ubud, a Bali de Julia Roberts em Comer, Rezar e Amar. É nessa região central da ilha que estão os famosos campos de arroz e a Green School, escola-sensação toda sustentável, alvo de famílias conscientes do mundo inteiro (a chef brasileira Morena Leite, do Capim Santo, passou uma temporada com a filha por lá). É também o endereço do The Yoga Barn, um estúdio de yoga, meditação e autoconhecimento com muitas opções de aulas para alunos de todos os níveis que escolhi para passar uma semana pouco antes da pandemia.
O centro existe há 13 anos e é focado em cura holística, ou seja, é voltado a cuidados do corpo, da mente e da alma. Além das aulas práticas, oferece massagens terapêuticas e consultas com profissionais de diferentes países especializados em reiki e astrologia, workshops e opções de detox completo. A possibilidade de hospedagem ali mesmo na propriedade facilita o mergulho individual e o aproveitamento completo.
Café da manhã no The Garden Kafe, restaurante-delícia que fica dentro do espaço e tem menu vegano, vegetariano e ayurvédico (há muita influência indiana em Bali!), pode ser incluído na diária ou não, e faz parte da limpeza de dentro para fora ali ensinada. É possível fazer aulas avulsas, participar de eventos específicos, ou ainda optar por uma programação pré-pronta — vale estudar bem o site antes de bater o martelo.
Três aulas imperdíveis: Morning Flow, um mix de yoga e meditação para começar bem o dia, Sound Medicine, meditação em grupo, guiada por mantras e instrumentos altamente relaxantes, e a popularíssima Ecstatic Dance, que tem ares de rave (sem bebida alcoólica ou drogas) onde se incentiva a dançar da maneira mais livre possível para liberar bloqueios energéticos, aumentar a consciência corporal, aprofundar a respiração, desestressar e sentir-se conectado consigo mesmo.
Para uma hospedagem mais exclusiva, basta optar por uma das dezenas de hotéis estrelados instalados às margens do Rio Ayung, como o chiquérrimo Four Seasons Sayan, onde também passei algumas noites. Atraído pelas florestas densas e vibe espiritual do lugar, o espaço oferece serviços de bem-estar bem regionais e luxuosos, como massagens feitas com óleo de coco natural extraído pelos locais. Além das aulas de yoga e meditação, onipresentes na região — ambas praticadas em uma estrutura de bambu com vista de cair o queixo.
Quem curte comida saudável ama a culinária de Ubud. O Alchemy, por exemplo, tem o menu vegano mais saboroso da vida e conta com ambiente muito agradável para passar horas a fio (encontrei muitos freelancers acampados no lugar). O Suka Espresso fica a poucos passos do The Yoga Barn, mas também tem unidades bem populares em Uluwatu e Canggu. E o Locavore é um dos mais refinados e concorridos da área, mas precisa de reserva!
É de Ubud que partem, toda madrugada, grupos de aventureiros dispostos a subir os 1.717 metros do Monte Batur. Acordar às três da manhã, enfrentar a viagem de duas horas em uma van desconfortável e caminhar outras duas montanhas acima é esforço dos grandes, mas vale pela vista deslumbrante do sol nascendo no topo de um vulcão ativo.
Em Uluwatu, o clima muda. As florestas densas dão lugar a praias com águas cristalinas, areias brancas e ondas perfeitas. Quem não surfa tem duas opções pós-praia, quando o sol se põe: observar as manobras de picos como o Single Fin, com direito a música ao vivo, drinks-delícia (a maioria vai de cerveja Bintang gelada) e gente bonita, ou se jogar no turismo típico e visitar hotspots como o Uluwatu Temple, lugar místico que fica na beira de um penhasco.
Como hospedagem indico o Toraja Bambu para quem quer curtir uma Bali raiz sem deixar o conforto de lado. Explico: banho quente, ar condicionado e serviço na madrugada não são tão comuns em um lugar invadido por surfistas sem frescura do mundo inteiro focados em ondas perfeitas e estadias baratex — salvo pelas grandes redes hoteleiras de luxo que não economizam nos mimos para seus guests. Ou pelo Toraja Bambu.
Hotel do tipo boutique, o nome já entrega: tem estrutura toda de bambu, além do décor com peças locais tradicionais e artesanais repletas de conchinhas (um charme!) e poucos e bons bungalows independentes com telhados de palha (não chegam a uma dezena). Você se sente em casa, literalmente. E que casa! Daria para morar facilmente no chalé com dois andares onde nos hospedamos. E comer todos os dias as comidinhas orgânicas do bistrô, sempre com ingredientes frescos. Se enjoar, inventar algo na cozinha do próprio quarto pode ser a solução.
A vibe sustentável e zero forçada está por toda a parte da propriedade, assim como a preferência por ingredientes naturais, inclusive nos tratamentos do spa. Adorei os amenities veganos: óleo, manteiga e esfoliante de coco, sabonete com aloe vera e mel e máscara de arroz. Gostamos também das placas fofas de conscientização sobre o uso da água. O banheiro ao ar livre (privativo, é claro) é o auge da acomodação. Tomar banho sob a luz do luar — e das estrelas! — não tem preço.
O lugar é estrategicamente localizado a minutos de todas as atrações mais cool do sul da ilha. Listamos três para incluir na próxima viagem:
THE LOFT
Aberto há pouco mais de um ano por um brasileiro, é espaçoso e tem menu. Serve do café da manhã ao jantar. Destaque para os bowls e smoothies.
SUNSET POINT
Vibe roots, gente jovem e bonita, e um pôr do sol de chorar. É o lugar mais cool para assistir o sunset em Uluwatu! Precisa ficar atento ao caminho, é um pouco complicado de chegar.
YOGA SEARCHER
Para marcar uma aula de yoga, massagem com ervas e chocolate ou tomar um das combinações diferentes e deliciosas de suco.
Duas semanas é o tempo mínimo para Bali. E a volta de tempos em tempos é obrigatória. O poder de atração da ilha é tão grande que muita gente foi e nunca mais voltou — preferiu morar no paraíso para sempre.
crédito fotos: mingo
CAMILA NEVES
Jornalista de viagem, colaboradora da L’officiel Brasil e criadora do seu blog de viagem. Camila tem bom humor, personalidade e gosta como ninguém de fazer as malas para explorar o mundo!
Deixe um comentário
O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *